O Instituto Kaingáng anuncia, com imensa satisfação, após um período de tensões e reestabelecimento, a confirmação de novos projetos para a continuidade de sua missão. “O dever em Serrinha foi cumprido, entramos o ano com toda a resistência, muitos projetos aprovados e um grande trabalho pela frente”, destaca a presidente do Inka, Andila Kaingáng.
O cenário pós-pandêmico permanece desafiador no contexto das organizações indígenas, que se desdobram para manter viável sua atuação em meio a grandes convulsões que surgem entre os povos indígenas de diferentes regiões.
O Inka é uma instituição de referência em cultura e educação junto ao povo Kaingáng com 20 anos de trabalho em uma gestão exclusiva realizada por mulheres Kaingáng, e 16 anos de trajetória do Ponto de Cultura Kanhgág Jãre, 1⁰ Ponto de Cultura do Brasil implementado em Terra Indígena.
Diante desse fato, expomos para a consideração do público que as violações sofridas pelo Inka e seus membros, decorrente da atuação em defesa de direitos indígenas, em apoio aos anciãos Kaingáng que denunciaram o arrendamento ilegal na Terra Indígena Serrinha, RS, por inviabilizar o direito ao usufruto do território tradicional de forma coletiva e acentuar a vulnerabilidade das famílias Kaingáng agravada pela pandemia de Covid-19, mostrou a urgente necessidade do Inka em adotar medidas que contribuam ao fortalecimento da organização, visando a melhoria de sua capacidade para retomar e viabilizar sua missão.
Dever Cumprido
De acordo com a presidente do Inka, Andila Kaingáng, “como instituição o dever foi cumprido em Serrinha, fizemos o que deveria ser feito, pois prezamos em nosso estatuto pela defesa dos direitos indígenas. Foi uma experiência difícil que exigiu de nós muita coragem e força. Hoje, estamos ainda mais preparadas para a nossa luta, tudo que enfrentamos fortaleceu a organização. Entramos em 2022 com toda a resistência, muitos projetos aprovados e um grande trabalho pela frente”, enfatiza Andila.
Aprovadas
Entre as iniciativas aprovadas pelo Inka, está o projeto “Resistência Kaingáng – Ẽg Tỹ Kanhgág Tar”, que tem por objetivo primordial contribuir na retomada das atividades institucionais do Inka com o apoio do Fundo Brasil de Direitos Humanos.
Outro importante projeto aprovado é o “Ẽg Kanhró – Nossos Saberes”, uma iniciativa que apoia, incentiva, difunde e promove o patrimônio cultural e imaterial do povo Kaingáng através da aquisição e distribuição de materiais elaborados pelo Inka a partir do olhar Kaingáng, em benefício particularmente, dos acervos das bibliotecas de Escolas Indígenas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura do RS.
Nossas produções têm divulgado as expressões culturais tradicionais do povo Kaingáng, tornando-se referência no contexto da educação escolar indígena, despertando o interesse de professores, alunos, comunidades Kaingáng e pesquisadores, não apenas no Sul do Brasil. Elas foram pensadas e desenvolvidas em conjunto por anciãos e mestres da cultura Kaingáng, artesãos, artistas, arte educadores, jovens, crianças e profissionais indígenas de diversas áreas do saber no contexto do Inka, valorizando nossos saberes e sobretudo, o protagonismo indígena enquanto expressão de resistência e re-existência.
Outra excelente notícia é que o Inka agora é uma Editora, oportunizando a ampliação de serviços especializados fornecidos pela Organização Indígena Instituto Kaingáng, que no momento, inicia seu primeiro trabalho editorial com a série de publicações da 5ª Edição da Ação “Saberes Indígenas na Escola” da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com previsão de lançamento da coleção exclusiva para o 2⁰ semestre deste ano.
No mais, continuamos o noticiamento das ações e projetos em desenvolvimento para o fortalecimento institucional do Inka em 2022, e em breve, confirmaremos outras incríveis iniciativas da organização aqui pelo site.
Lembramos ainda o importante apoio recebido, principalmente em nossa petição sobre a ilegalidade do arrendamento em terras indígenas, que segue adiante nas assinaturas. Prestamos nossa imensa gratidão a vocês!