Chega ao fim o projeto “Jagnẽmré Covid-19 Kato Jẽgjẽg” – “Todos Juntos Contra a Covid-19” do Instituto Kaingáng (Inka) com apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Terra Indígena Serrinha, município de Ronda Alta, no Rio Grande do Sul.
Iniciada no mês de julho, a ação seguiu em agosto, sendo finalizada neste início de setembro com a realização das entregas de cestas básicas para famílias indígenas em situação de vulnerabilidade econômica com prioridade para grupos vulneráveis do ponto de vista da saúde como diabéticos, hipertensos, pessoas com necessidades especiais, gestantes de risco, e aqueles que não possuem terras ou empregos formais.
A ação alcançou 15% da população indígena da Comunidade Serrinha garantindo a entrega de 100 cestas básicas para 100 famílias durante o período de três meses da pandemia de Covid-19. As entregas foram organizadas pela equipe do Inka com apoio da equipe local da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) em conformidade as regras de higiene e distanciamento social junto aos indígenas.
O projeto colaborou para o isolamento social, diminuindo os riscos de contágio e disseminação de Covid-19 na região norte do Rio Grande do Sul.
Resposta na luta contra a Pandemia
A Comunidade Serrinha possui aproximadamente 4.000 pessoas, das quais 30% são artesãos e não possuem emprego formal. Para a autora e responsável pelo projeto, a advogada e membro do Inka, Fernanda Kaingáng, as ações são fruto de respostas na luta contra a pandemia nas aldeias indígenas.
“O projeto foi bem sucedido e as famílias mais carentes, compostas por artesãos sem acesso à terra para sua subsistência e pessoas em grupos de risco, tiveram acesso à segurança alimentar e não precisaram se deslocar para os centros urbanos em busca de renda para garantir sua sobrevivência e estiveram menos vulneráveis à contaminação pela Covid-19”.
O projeto lançou ainda, a “Campanha Alerta Covid-19, não!” com foco no povo indígena Kaingáng com a produção de materiais de comunicação elaborados com a participação de profissionais indígenas especializados das área de Saúde, Educação, Direito, Comunicação e Cultura, sendo respeitada a tradição oral, visual e linguística do povo Kaingáng.
Entre os materiais estão banners que foram afixados em pontos estratégicos da comunidade, cards da web divulgados nas redes sociais e um audiovisual de prevenção e combate à Covid-19 para povos indígenas em todo o Brasil, já concluído e aguardando liberação da Fiocruz para seu lançamento.
Escrito por: Sônia Kaingáng, jornalista indígena independente, especializada em Educação, Diversidade e Cultura Indígena.
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