Com intensa participação de professores indígenas Kaingáng, a Organização Indígena Instituto Kaingáng, Inka, finalizou na terça (16), a última oficina do projeto Ẽg Kanhró em Coxilha, no Rio Grande do Sul, contando com importante apoio da 15ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) de Erechim (RS).
Em um ciclo de quatro oficinas dentro do projeto Ẽg Kanhró (Nossos Saberes) do Inka, apresentado em formato de capacitação presencial voltada a professores indígenas que atuam nas Escolas Indígenas do Estado, o projeto teve um encerramento bem-sucedido.
A coordenadora do projeto e membro do Inka, Susana Fakój, aponta a valorização do conhecimento indígena como um ponto forte do projeto.
“O Ẽg Kanhró é um projeto de incentivo à preservação, valorização e divulgação da cultura Kaingáng a partir da distribuição de livros que são resultado de mais de uma década de pesquisa e registro do patrimônio cultural do Povo Kaingáng junto com nossos kanhgág kófa, nossos anciãos, bibliotecas vivas através dos quais podemos acessar conhecimentos, pensamentos e sabedoria dos ancestrais, tradicionalmente repassados pela oralidade”, explica Susana.
Oficina Patrimônio Cultural Kaingáng
“Não podemos desprezar a bagagem cultural dos povos indígenas neste espaço de reprodução de saberes, que é a escola. Neste sentido, não podemos dissociar cultura e educação! Por isso a importância destas oficinas de capacitação dos professores Kaingáng na temática do patrimônio cultural indígena, para que os saberes e conhecimentos tradicionais indígenas também sejam valorizados no contexto das Escolas Indígenas”, afirma Susana.
Além da abordagem sobre o tema, a programação da oficina contou com uma Roda de Conversa, onde esteve a presidente do Inka, Andila Kaingáng, a representante da CRE de Erechim, Monique Rosset, que atua com Educação nas Relações Étnico-Raciais, o historiador e professor Kaingáng Bruno Ferreira, a professora Kaingáng e Conselheira Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul (CEC/RS), Vera Cristina, e as representantes da Secretaria de Estado da Educação RS (Seduc), Sueli Krengre Cândido e Cláudia Feijó.
Em cada oficina, houve a distribuição das publicações “Ponto de Cultura Kanhgág Jãre: 15 anos” e “Expressões Culturais Tradicionais Kaingáng”, livros que são o resultado da atuação voltada ao protagonismo indígena no âmbito do Ponto de Cultura Kanhgág Jãre do Inka, nas áreas da cultura e educação indígena.
A qualificação teve um público aproximado de 60 participantes, contando com a presença de todas as escolas Kaingáng da 15ª CRE de Erechim, sete no total, entre professores, lideranças e diretores indígenas e não indígenas das escolas, também do acadêmico Kaingáng Darci Emiliano, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Campus Sertão, e mais 10 professores Kaingáng da Escola Municipal Indígena de Educação Infantil de Benjamin Constant, que solicitou a participação na oficina, sendo atendidos pelo Inka.
A abertura e encerramento da oficina teve a participação do Kujá Pedro Garcia, da Terra indígena Nonoai.
Apoio ao Ẽg Kanhró
Projetos educativos e culturais para povos indígenas necessitam da obtenção de apoio para ser bem-sucedidos. Esta edição do projeto recebeu a aprovação e o apoio do Edital de Concurso FAC Patrimônio n⁰ 07/2021 da Secretaria de Estado da Cultura do RS (Sedac) e da Secretaria de Estado da Educação RS (Seduc) e foi possível pelo apoio da Produtora Floresta em resposta ao cumprimento de formações de capacidade voltadas para o público Kaingáng, acordado pela empresa como repartição coletiva de benefícios pelo uso de expressões culturais tradicionais Kaingáng em obra audiovisual em fevereiro deste ano.
Outro importante apoio obtido foi junto às Coordenadorias Regionais de Educação (CRE), a 21ª CRE da cidade de Três Passos, na primeira oficina, a 20ª CRE de Palmeira das Missões, na segunda qualificação, a 7ª CRE de Passo Fundo, na terceira oficina e a última, pela 15ª CRE de Erechim, onde o esforço foi recompensado com o alcance do maior público de professores de todas as oficinas já trabalhadas.
O Instituto Kaingáng agradece imensamente a todos os participantes e apoiadores deste ciclo de oficinas, e espera em breve aprovar novas iniciativas sobre o tema.