O Ponto de Cultura Kanhgág Jãre divulga a conclusão de mais um projeto desenvolvido com apoio da Lei Aldir Blanc por intermédio do Edital Criação e Formação – Diversidade das Culturas, promovido pela Fundação Marcopolo e Secretaria da Cultura (Sedac).

O projeto “História e patrimônio cultural do povo Kaingáng”, proposto pela educadora e pesquisadora indígena Susana Kaingáng e implementado em parceria com o Ponto de Cultura Kaingáng Jãre, contribuiu na realização de palestras e apresentações de audiovisuais abordando a história e a cultura Kaingáng junto aos alunos da rede municipal de ensino de Coxilha, no Rio Grande do Sul.

A iniciativa foi desenvolvida junto aos alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Visconde de Araguaia e Escola Municipal de Ensino Fundamental Pantaleão Thomaz.

Na Escola Estadual de Ensino Médio Visconde de Araguaia foi ministrada uma palestra pela professora Susana Kaingáng, no dia 30 de agosto, contemplando as turmas de alunos que frequentam o 1º, 2º e 3º anos do ensino médio.

Já na Escola Municipal de Ensino Fundamental Pantaleão Thomaz as palestras e apresentações audiovisuais foram realizadas no dia 21 de setembro, contemplando alunos do 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos que frequentam a respectiva escola.

Perspectiva indígena na divulgação da História e Cultura Kaingáng

Susana Kaingáng é sócia fundadora da Organização Indígena Instituto Kaingáng (Inka) e doutoranda em Educação pela UFRGS e explica que, “em pleno século XXI é possível observar não indígenas, alunos, professores e acadêmicos de escolas não-indígenas e universidades da região Sul demonstrar surpresa ao tomar conhecimento que existem diferentes povos indígenas que habitam a região, que ainda falam suas línguas e tem costumes e histórias diferentes, mas que não vivem nus e não moram em ocas/malocas… que os Kaingáng são um destes povos que historicamente habita a região Sul onde se encontram localizados os nossos territórios tradicionais”. Para a educadora, “significativa parcela da sociedade não indígena nos vê ou imagina de forma estereotipada, tecendo comparações com os parentes indígenas de outras regiões do Brasil, ou indígenas norte-americanos, demonstrando equivocado conhecimento acerca da realidade e história dos nossos povos indígenas”.

Diante da realidade historicamente vivenciada pelos povos indígenas no Brasil de lutas e resistências, pelo direito à existência, à cultura, aos territórios tradicionais é de suma relevância a realização de iniciativas como o projeto “História e patrimônio cultural do povo kaingáng” que propôs informar e divulgar a história e cultura Kaingáng a partir da perspectiva indígena.

Por isso a contribuição do projeto à implementação da Lei 11.645/2008, que institui a obrigatoriedade de ensino da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados”.

Nossos agradecimentos a Escola Estadual de Ensino Médio Visconde de Araguaia e Escola Municipal de Ensino Fundamental Pantaleão Thomaz, as diretoras, Dinorá e Glaucia, aos professores e alunos que participaram da iniciativa.