Com acervo artístico indígena inestimável, o Centro Cultural Kanhgág Jãre da aldeia Serrinha no Rio Grande do Sul é o 1⁰ Ponto de Cultura em uma Terra Indígena no Brasil reconhecido pelo Ministério da Cultura (MinC) e encontrava-se sob proteção judicial para evitar esbulho e depredações, mas sofreu invasões e saques, sendo transformado em moradia.
O Ponto de Cultura Indígena Kanhgág Jãre, gerenciado por mulheres indígenas do povo Kaingáng é também sede da Organização Indígena Instituto Kaingáng – INKA, localizado no município de Ronda Alta (RS), e tornou-se ao longo de 16 anos, uma referência em Cultura e Educação Indígena Kaingáng para o país.
As informações foram confirmadas por meio de fontes locais, fotos e vídeos, reforçando a constatação das primeiras violações ao local em vistoria realizada pela presidente do INKA, Andila Kaingáng, acompanhada dos agentes da Polícia Federal ainda no mês de outubro.
O espaço possui um acervo de obras de artistas indígenas de valor inestimável composta por peças que integraram exposições de arte internacionais na França e na Suíça em 2019, além de quadros, telas, obras de arte, artefatos guardados por gerações de indígenas Kaingáng, produções em cerâmica, tecelagem, livros e bens móveis.
No acervo, obras como a do renomado artista indígena, escritor e produtor cultural Jaider Esbell do povo Macuxi, destaque na 34ª Bienal de São Paulo, e que faleceu recentemente no mês de novembro.
Crime contra o Patrimônio Cultural Kaingáng
Medidas estão sendo adotadas na Justiça Federal para responsabilizar as pessoas envolvidas nos saques e invasão ao Centro Cultural Kanhgág Jãre por prática de crime contra o patrimônio cultural Kaingáng e responderão cível e penalmente.
Um Ponto de Conquistas
O Ponto de Cultura Kaingáng trabalha em parceria com lideranças e escolas indígenas e não indígenas, incluindo universidades da região, recebendo diversos prêmios por seus projetos como o 1º lugar no Prêmio Cultura Viva 2ª Edição (2007); Concurso Pontos de Leitura (2008/MinC), Prêmio Ponto de Valor (2009/MinC e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD); Prêmio Cultura e Saúde (2010), Prêmio Cultura Digital (2010/MinC), Circulando Saberes Indígenas (2012/Fundação Biblioteca Nacional e MinC) e recentemente em 2018, o Prêmio Culturas Populares (MinC) em apoio ao projeto de revitalização da cerâmica tradicional Kaingáng.
Nos ajude e assine a Petição do INKA por Justiça e Resposta na Terra Indígena Serrinha para seguirmos mobilizando forças que denunciam as violações e injustiças neste território para que cessem. Assine AQUI.
Foto de abertura: Jovens Kaingáng da Comunidade Serrinha apresentam suas obras em tela para o projeto do INKA no início de 2021. Peças integravam o acervo do Ponto de Cultura Kaingáng. Imagem: Sônia Kaingáng (Direito de uso de imagem autorizado pelos artistas para divulgação de caráter educativo e cultural de projetos realizados pelo INKA).