A ação “Jagnẽmré Covid-19 Kato Jẽgjẽg”, que em língua Kaingáng significa “Todos Juntos Contra a Covid-19”, elaborada pelo Instituto Kaingáng (Inka) com foco na Terra Indígena Serrinha, norte do Estado do Rio Grande do Sul, recebeu o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a mais destacada instituição de Ciência e Tecnologia em Saúde da América Latina.

Enfrentando uma acirrada seleção entre 250 organizações participantes no Brasil, o Inka conseguiu demonstrar em sua proposta bem sucedida, a urgência na adoção de medidas no quesito da segurança alimentar de famílias indígenas, auxiliando para o isolamento social destas pessoas, com prioridade para grupos vulneráveis do ponto de vista da saúde como diabéticos, hipertensos, famílias com pessoas com necessidades especiais, gestantes de risco, e aqueles que não possuem terras ou empregos formais.

O projeto prevê um alcance de 12% da população Kaingáng da aldeia Serrinha, representada por 100 famílias indígenas em situação de vulnerabilidade econômica atendidas em suas necessidades alimentares e de higiene básica por meio da entrega de 100 cestas básicas mensais pelo período de 3 meses.

Urgência na Busca por Apoios

Após o início da pandemia no país, a ação “Jagnẽmré Covid-19 Kato Jẽgjẽg” – “Todos Juntos Contra a Covid-19”, é a segunda proposta do Inka em busca de apoio que obteve aprovação em um curto período de tempo, mas que exige a capacidade de apresentação de projetos em caráter de urgência e outros fatores que dificultam a participação das organizações indígenas no Brasil e a consequente aprovação de apoios que são tão necessários, como explica a proponente do projeto, membro do Inka e advogada indígena, Fernanda Kaingáng.

“Poucas organizações indígenas puderam apresentar seus projetos por fatores que vão desde dificuldades locais como internet e até à carência de uma infraestrutura necessária para concorrer ao edital e essa realidade vai gerando lacunas que precisam ser corrigidas para que as populações indígenas em situação de vulnerabilidade socioambiental sejam beneficiadas com ações emergenciais como aconteceu com o nosso povo, que habita em pequenos territórios na região Sul, cujos modelos de desenvolvimento não estão voltados para a produção de alimentos e a auto sustentabilidade do povo Kaingáng, além do impacto das monoculturas de soja cultivadas dentro das terras indígenas ter se agravado subitamente com a pandemia, apontou Fernanda.

Inovação com Destaque para a Comunicação

A área da Comunicação é um dos destaques da proposta do Inka que apresentou a comunicação como um dever na prevenção e combate à covid-19 no contexto de povos indígenas, observando os direitos das minorias indígenas quanto ao uso e preservação de suas línguas e culturas próprias na prestação de informação a partir da produção de materiais de comunicação bilíngue, português e kaingáng.

Os materiais incluem os formatos audiovisual, impresso e digital e serão elaborados com a participação especializada de profissionais indígenas da Saúde, Educação, Direito, Comunicação e Cultura, sendo respeitada a tradição oral, visual e linguística do povo Kaingáng.

Continue acompanhando aqui no site a execução dos projetos de apoio emergenciais no combate e prevenção a covid-19 elaborados pelo Inka em prol do povo Kaingáng.

Escrito por: Sônia Kaingáng, jornalista indígena independente, especializada em Educação, Diversidade e Cultura Indígena.

Reprodução permitida desde que citada a fonte.