Em busca de respostas na prevenção e combate da covid-19 junto às comunidades indígenas do Rio Grande do Sul (RS), o Instituto Kaingáng (Inka) obteve aprovação em seu pedido de apoio junto ao Fundo Brasil de Direitos Humanos que destina ajuda humanitária e dá voz e visibilidade a organizações locais de defesa de direitos humanos.

Com atuação diferenciada, gerida exclusivamente por mulheres, o Inka promove o fortalecimento, a valorização e conservação da cultura Kaingáng, tendo continuamente demonstrado resultados no cenário desafiador presente na região, a exemplo da obtenção deste recente apoio emergencial junto ao Fundo Brasil, que auxiliará na contenção do avanço da pandemia de covid-19 nas aldeias indígenas, especificamente, no norte gaúcho.

Sustento para famílias indígenas na pandemia

Com a ajuda do Fundo Brasil, o Inka deve prestar apoio por meio da entrega de cestas básicas para 52 famílias indígenas moradoras da Terra Indígena Serrinha e 28 famílias do Acampamento Faxinal, em um total de 80 famílias indígenas diretamente beneficiadas, contribuindo para que a população Kaingáng de ambas as comunidades fique menos vulneráveis à contaminação por covid-19.

Subsistência em risco

Com a restrição do comércio para evitar a disseminação de covid-19 nas cidades, as famílias indígenas, especialmente aquelas que desenvolvem atividades informais como a comercialização de artesanatos, têm enfrentado a retirada de sua única fonte de subsistência no decorrer da pandemia.

É para esta realidade, segundo a presidente do Inka, Andila Kaingáng, que a busca por apoio é urgente, no sentido de garantir o sustento das famílias indígenas no interior das aldeias. “Estima-se que em algum momento haverá apoio governamental, mas a burocracia tem impedido essa ajuda de chegar às famílias indígenas que são vulneráveis nos confins do país”, observa.

Conheça mais

A Terra Indígena Serrinha, localizada nos municípios de Ronda Alta, Três Palmeiras, Constantina e Engenho Velho, possui aproximadamente 4.000 pessoas, das quais cerca de 30% são artesãos e não possuem empregos formais, enquanto o Acampamento Faxinal, no município de Água Santa, conta com 28 famílias também em situação de vulnerabilidade. A ação do Inka deverá colaborar para o isolamento social, diminuindo os riscos de contágio da covid-19 e sua disseminação nas aldeias.

Escrito por: Sônia Kaingáng, jornalista indígena independente, especializada em Educação, Diversidade e Cultura Indígena.

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