Nesta quarta, 08, em continuidade aos trabalhos interdisciplinares apresentados pelo Ponto de Cultura Kaingáng da Terra Indígena Serrinha, município de Ronda Alta (RS), os participantes do Programa Convivências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foram convidados a experimentar comidas tradicionais do povo indígena Kaingáng.
O grupo do Convivências, formado por universitários de diversas áreas, professores e técnico-administrativos da UFRGS estão hospedados no Centro Cultural Kanhgág Jãre (Raízes Kaingáng), onde interagem com os membros da comunidade indígena desde a última segunda, dia 06.
Comida Tradicional Kaingáng
À sombra de um pinheiro tendo ao lado um fogo de chão, os convidados foram recebidos em um ambiente tipicamente utilizado pelos Kaingáng para a realização das refeições.
Os alimentos foram preparados exclusivamente por mulheres que ocupam posições importantes, social e culturalmente em meio ao povo Kaingáng, sendo elas, a presidente do Instituto Kaingáng (INKA), coordenadora do Ponto de Cultura Kaingáng e educadora Andila Kaingáng e as artesãs Alsira Inácio e Cacilda Daniel. Também acompanhou a ocasião, Odila Claudino, liderança tradicional e participante da gestão do Ponto de Cultura Kaingáng, mãe do atual cacique de Serrinha, Ronaldo Claudino.
Após breve apresentação sobre a comida tradicional Kaingáng a ser servida, a refeição foi disposta aos participantes do Convivências que puderam experimentar dois tipos de cozidos, sendo o primeiro o Krunun ou Fỹj, preparado a partir de uma espécie de bromélia reconhecida por suas propriedades medicinais, e o segundo o Fuá, um cozido de folhas de Erva Moura, que contém alto valor fitoterápico, temperado com sal e gordura animal.
Como acompanhamento, o famoso pão tradicional Kaingáng, o Emỹ, apresentado em três versões, feitas com milho verde ralado, com farinha de milho e o Emỹ Kupri, com farinha de trigo. Em seguida, os convidados provaram o Kusir, que é a carne assada diretamente na brasa, sendo escolhida a carne de porco para esta ocasião.
O universitário Émerson Santos, do Curso de Jornalismo da UFRGS definiu a experiência gastronômica como um privilégio, “o momento da culinária foi diferente e muito saboroso, os alimentos são naturais e não tem muito haver com o que consumimos todos os dias, havia energia e uma entrega ali, foi incrível”, relatou o jovem.
O projeto Convivências segue com as interações na Terra Indígena Serrinha até este sábado, dia 11.
Escrito por: Sônia Kaingáng, jornalista indígena independente, especializada em Educação, Diversidade e Cultura Indígena.
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