Também conhecida por Andila Nĩvygsãnh, a professora indígena teve sua carreira de trabalho reconhecida pelo prêmio no Brasil, que prestigia pessoas com notoriedade no campo artístico e longa trajetória de dedicação em seu segmento de atuação.

Mais uma vez, a presidente da Organização Indígena Instituto Kaingáng/Inka, Mestra Andila Kaingáng, têm sua carreira reconhecida, dedicada em prol da Educação e Cultura indígena Kaingáng.

A professora venceu a edição 2023 do Prêmio Funarte Mestres e Mestras das Artes que prestigiou nas cinco regiões do Brasil, pessoas que são referência no campo artístico, contribuindo na difusão de suas atuações e na melhoria das condições sociais e materiais de transmissão e perpetuação de saberes e fazeres.

A Mestra Andila contou com manifestação de apoio do Conselho Estadual de Cultura/CEC do Rio Grande do Sul, então coordenado por Consuelo Vallandro, pelo Instituto Trocando Ideia e outras organizações parceiras.

A trajetória da Mestra Andila

Andila Nῖvygsanh é indígena do povo Kaingáng do Rio Grande do Sul, é escritora, artista e arte educadora do seu povo, é professora da língua Kaingáng aposentada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas/Funai e é militante do movimento indígena brasileiro há mais de 50 anos pelo fortalecimento da Educação Escolar Indígena.

Frequentou o Curso de Formação de Monitores Bilíngues Kaingáng do RS, no início da década de 70, um marco para os Povos Indígenas, pois foi o 1º curso de Formação de Professores Bilíngues no Brasil, assim como também merece destaque o 3º Grau Indígena na Universidade do Estado de Mato Grosso/Unemat, realizado pela professora Kaingáng, por ser o 1º curso de graduação em Educação Específica para Povos Indígenas na América Latina, tendo colado grau 198 professores de 36 povos indígenas do país, em junho de 2006.

O espírito de liderança e protagonismo da Mestra Andila contribuiu para que se tornasse referência junto ao movimento indígena nacional, primeiramente, em sua luta por avanços na educação e cultura Kaingáng no contexto da atuação na Funai (onde foi servidora por 35 anos) e, após sua aposentadoria, junto ao Instituto Kaingáng (o qual com outros indígenas Kaingáng fundou em 19 de abril de 2002) e por meio do qual, há 21 anos tem dado continuidade à sua trajetória.

Andila é atualmente presidente do Inka e coordenadora do Ponto de Cultura Kanhgág Jãre, com 18 anos de atuação: 1º Ponto de Cultura implementado em um território indígena no país (Terra Indígena Serrinha, Ronda Alta/RS) sob a responsabilidade de uma organização indígena, cuja gestão é promovida exclusivamente por mulheres Kaingáng, em um trabalho de fortalecimento e valorização da educação e da cultura Kaingáng da região sul e sudeste, considerado referência nacional.

Andila é uma Artista e Mestre premiada por seu trabalho: em 2007 recebeu o Prêmio Cultura Viva e Prêmio Escola Viva (ambos do Ministério da Cultura/MinC); em 2010 recebeu o Prêmio Tuxáua/MinC; em 2014 recebeu homenagem pela atuação junto ao Ponto de Cultura Kanhgág Jãre na cerimônia do 1º Prêmio Diversidade RS; em 2019 alcançou o título de Mestre em Cultura Popular pelo Edital de Culturas Populares: Prêmio Teixeirinha (Ministério da Cidadania) e, do Prêmio Trajetória Cultural em 2021, no âmbito do Prêmio Trajetórias Culturais/Mestra Sirley Amaro (Secretaria da Cultura do RS e Instituto Trocando Ideia).

Recentemente teve sua história de luta documentada em pesquisa de Doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), resultando no livro Tra(n)çando Caminhos: A história de vida de Andila Kaingáng. E em 2024, está prevista a inauguração do Memorial Andila Nῖvygsanh, onde a Mestra terá sua trajetória de trabalho e vida projetada amplamente.

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