A Organização Indígena Instituto Kaingáng – Inka, manifesta seu repúdio aos atos de racismo e discriminação praticados nas redes sociais usando o perfil ALI ANCA LUTER ANA, no Facebook para assediar moralmente e atacar a indígena do povo Kaingáng, antropóloga e membro do Inka, Joziléia Daniza Jagsó. Leia o documento na íntegra.
CARTA DE REPÚDIO AO RACISMO NA INTERNET E SOLICITAÇÃO DE PROVIDÊNCIAS
O Instituto Kaingáng, INKA fundado em 2002, organização indígena sediada na Terra Indígena Serrinha, município de Ronda Alta (RS), cuja missão é o fortalecimento, valorização, revitalização, proteção e conservação da cultura Kaingáng, com gestão realizada exclusivamente por mulheres Kaingáng vem a público manifestar seu repúdio aos atos de racismo e discriminação praticados nas redes sociais usando o perfil ALI ANCA LUTER ANA, no Facebook para assediar moralmente e atacar a indígena do povo Kaingáng, JOZILÉIA DANIZA JAGSÓ, antropóloga, membro do Instituto Kaingáng e voluntária do Ponto de Cultura Kanhgág Jãre – Raiz Kaingáng desde a sua formação.
O Ponto de Cultura Kanhgág Jãre, foi o primeiro Ponto de Cultura em terra indígena do Brasil epossui17 anos de trabalho, considerado referência em sua atuação na área da cultura e educação Kaingáng, graças aos profissionais indígenas COMO JOZILÉIA DANIZA JAGSÓ às instituições parceiras, as lideranças e comunidades Kaingáng, e com a bênção dos Kanhgág Kófa, os anciãos Kaingáng, cuja sabedoria tem oportunizado que gerações Kaingáng do presente e futuro possam usufruir da inestimável riqueza que compõe o patrimônio cultural material e imaterial do Povo Kaingáng, cuja identidade e dignidade foi atacada na pessoa de Joziléia Kaingáng.
É provável que ALI ANCA LUTER ANA e seus seguidores desconheçam que o povo Kaingáng é o terceiro maior povo indígena do Brasil em demografia e habita as regiões sul e sudeste do Brasil. O Inka vem recordar que o extenso território Kaingáng foi saqueado, invadido e desmatado usando mão-de-obra escrava Kaingáng às custa do extermínio físico e cultural do nosso povo. É revoltante que, após 522 anos de violência e estupro de mulheres indígenas, as pessoas e instituições se manifestem como se o fenótipo dos nossos povos não tivesse sido afetado pela miscigenação forçada imposta aos nossos povos, em particular às mulheres indígenas. Denunciamos a naturalização da violência contra as mulheres indígenas, que agora se manifesta mediante violência simbólica e agressões à identidade e à cultura de JOZILÉIA DANIZA JAGSÓ.
O racismo, o ódio, a intolerância, a violação de direitos e a violência tem sido uma realidade para os povos indígenas desde a invasão do nosso país pelos europeus e essas violações foram agravadas durante a gestão do atual governo, de acordo com o relatório do CIMI sobre a Violência contra os Povos Indígenas, publicado em 2021.
O racismo é descrito como crime inafiançável e imprescritível pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, XLII e não isenta o autor da responsabilização pelos danos causados por ser praticado em ambiente virtual, o qual amplia o dano moral causado à indígena ao propagar ódio racial e práticas discriminatórias na internet.
Assim, o INKA vem exigir retratação pública no perfil ALI ANCA LUTER ANA, e seus seguidores no Facebook e a adoção de todas as medidas jurídicas e administrativas cabíveis para reparação do dano moral causado à indígena, profissional e ativista do povo indígena Kaingáng, JOZILÉIA DANIZA JAGSÓ, bem como para coibir novas práticas de discriminação nas redes sociais.
Andila Nῖvygsanh Inácio
Presidente do Inka